Antes da hegemonia de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo no futebol contemporâneo, um brasileiro chamado Ricardo Izecson dos Santos Leite, conhecido esportivamente como Kaká, estava na cúspide como o melhor jogador do mundo, de uma qualidade exorbitante, dotada de magia e que neste último fim de semana anunciou sua retirada aos 35 anos de idade.
Kaká, um dos últimos expoentes do “Jogo Bonito” da Seleção Brasileira campeã do mundo em 2002, junto com Ronaldinho, Ronaldo, Roberto Carlos, Adriano, Robinho, Zé Roberto e outros, anunciou sua retirada do futebol depois de ter servido duas temporadas na Major League Soccer (MLS) dos Estados Unidos.
“Eu precisava de tempo para refletir e tomar uma decisão muito profunda. Falei com minha família e pessoas muito próximas. Cheguei à conclusão de que é hora de fechar minha etapa como jogador profissional”, declarou o brasileiro através de sua rede social oficial.
Father,
It was much more than I could ever imagined. Thank you! I’m now ready for the next journey. In Jesus name. Amem.Pai,
Foi muito mais do que eu pedi ou imaginei! Obrigado! Eis-me aqui para próxima jornada. Em nome de Jesus. Amém. pic.twitter.com/PofZBAV0BE— Kaka (@KAKA) 17 de dezembro de 2017
A melhor versão de Kaká foi vista em 2007, quando ganhou um ‘Scudetto’ e uma Liga dos Campeões com Milão, decantando magia e poder, um meio-campista completo, com firmeza na área e tiros precisos de longa distância.
Esse mesmo ano foi declarado Bola de Ouro, prêmio que disputou nada mais e nada menos com o astro argentino Lionel Messi e o português Cristiano Ronaldo, considerados os melhores jogadores atualmente.
Na verdade, “Ricky” foi o último a ganhar o prêmio de melhor jogador do mundo, antes do domínio de Lio e CR7, vencedores cinco vezes cada um desde então.
“Kaká, a última Bola de Ouro antes da ditadura de Messi e Cristiano Ronaldo”, declarou a mídia espanhola Marca, referindo-se a esse trio de 2007, onde o brasileiro foi o mais votado com 44 à frente de Cristiano Ronaldo (277) e Messi (255).
A carreira esportiva de Kaká iniciou em São Paulo, onde completou todas as categorias inferiores, antes de dar o salto para a Primeira Divisão, em fevereiro de 2001 e marcando 12 gols em 27 jogos.
O poderoso Milan adquiriu a jóia em 2003, uma anedota curiosa é contada pelo DT da equipe, Carlo Ancelotti, que o confundiu com um estudante:
“Kaká veio a Malpensa e coloquei minhas mãos na minha cabeça: óculos, bem penteado, pinta de bom, faltava apenas um lanche e um livro. Tínhamos contratado um estudante universitário. Bem-vindo ao projeto Erasmus, não seria ruim se também soubesse jogar futebol”, contava o treinador italiano, mas foi grande sua surpresa quando o viu jogar.
“Com a bola entre os pés era monstruoso. Parei de falar, porque fiquei sem palavras. Não havia definição para o que eu estava vendo. Em uma de suas primeiras ações em um treino, enfrentou-se com Gattuso, que lhe deu um empurrão assustador. Kaka não perdeu a bola e Rino acompanhou a ação aprovando o novo parceiro. Ainda com a posse da bola disparou ao arco a trinta metros de distância ante um Nesta que não conseguiu detê-la. (…) Nós tiramos os óculos desse cara e colocamos um uniforme de futebol, e transformou-se em algo que ninguém esperava, um craque do futebol”, lembra o veterano treinador italiano.
-Vencedor na vida e no futebol-
Ricardo Izecson vive sua vida professando seu amor incondicional por Jesus, provém de uma família evangélica mas também devido a uma recuperação impressionante após um acidente sofrido na idade de 18 anos, que quase destruiu seu sonho de ser um jogador de futebol.
Kaká e seu irmão, Digão, decidiram visitar seus avós. O ex-Milan foi com seu irmão para um parque aquático e, deslizando de um tobogã, bateu a cabeça diretamente no fundo da piscina.
Digão aproximou-se da área do incidente e viu que seu irmão estava sangrando. Foi atendido imediatamente e recebeu alguns pontos na cabeça, pois não parecia agravar. Ele retornou a São Paulo para treinar e dois dias depois, uma série de tonturas e dores de cabeça o forçou a voltar para o hospital novamente. Na revisão médica, foi mostrado que Kaká teve uma ruptura na sexta vértebra do pescoço, uma lesão que, segundo os médicos, poderia deixá-lo paralisado.
“Eles me disseram que por muito pouco, eu não só deixaria de jogar futebol, mas também de caminhar. Foi uma experiência muito forte com Deus e é impressionante. Isso aconteceu em outubro, fiquei fora dois meses e perdi o posto de titular. Lembro-me de que o treinador da primeira equipe pediu ao meu técnico dois jogadores, um atacante e um meio-campista. O treinador dos juvenis deu-lhe o atacante titular, mas ele não queria seu meio-campista no lugar, porque era o capitão, então eu, que era o substituto, acabei subindo de posição. Eu treinei na primeira equipe e daí eu nunca voltei para aos juvenis. Eu sei que Deus teve um propósito nesse acidente, eu não acredito que foi uma coincidência”, afirmou Kaká há alguns anos atrás.
O extraordinário jogador brasileiro nunca desistiu de seu sonho, lutou e atingiu o topo acreditando sempre, e fechou um ciclo maravilhoso com a bola a seus pés e anunciou que continuará ligado ao futebol.
“Agora vou me preparar para continuar ligado ao mundo do futebol, mas a partir de outra função. Gostaria de ser um gerente ou diretor esportivo, ser alguém que esteja no campo e no clube”, expressou.
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