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Juan Pablo Ángel: a história de um goleador que merece ser contada

O atacante colombiano se retirou do futebol após protagonizar um filme atrativo de 21 anos de carreira profissional. Falando com o ex-jugador, mas também olhando no retrovisor de sua notável página da vida, notamos que suas mais de duas décadas de exercício possibilitaram um novo caminho na Colômbia: o do sacrifício.

Medellín, Colômbia. Aroma a montanhas. Clima tropical e primaveral. Crescimento. Suor na testa. Barulho de bola. Inovação que busca transformação. Futebol nas veias. Juan Pablo Ángel é sinônimo de alegria para a cor predominante da cidade que é o verde. Seu nome, aplaudido em diversas latitudes do planeta, tem apego direto ao coração de várias equipes que o vincularam aos seus salões da fama. Sua inalterável exposição ao exercício, à disciplina e ao melhoramento contínuo foi a base do seu sucesso. Pouco a pouco se transformou numa injeção de esperança para uma nação com um ego raquítico. Com ele tivemos um bate-papo sobre as duas décadas de carreira futebolística. Confira…

Juan Pablo, CONMEBOL.com solicitou uma entrevista com você como uma espécie de homenagem para uma trajetória esportiva importante do futebol continental…

Juan Pablo Ángel: “Sim, me dá muita satisfação porque finalmente penso que demonstra que a minha carreira não passou despercebida e quando um ente como a Conmebol decide fazer um reconhecimento a um jogador é porque finalmente a carreira foi especial”.

Foram muitos os momentos de sua carreira, quais vêm primeiro na cabeça?

Juan Pablo Ángel: “Eu acho que cada etapa foi diferente e importante: minha passagem pelo Nacional no começo que sempre disse, ter a oportunidade de pertencer à equipe que sempre fui torcedor, foi motivo de grande satisfação; o mesmo aconteceu com o River, fui jogar no exterior, representar meu país. Logo passei pela Europa, que é, no meu conceito, a liga mais importante do mundo e poder estar lado a lado com os melhores jogadores do mundo em seu momento, representar a Seleção, logo passei nos Estados Unidos, onde fui plantar uma semente numa liga que acredito que, num prazo médio, será uma das mais importantes do mundo. E logo, regressar outra vez aqui o Nacional, com tudo o que aconteceu com tantos títulos, fazendo parte do ciclo mais exitoso desta Instituição. Não tem comparação”.

Como se forma um homem quando se vive de forma tão acelerada e gloriosa 21 anos de futebol profissional?

Juan Pablo Ángel: “Uma das particularidades que tem esta carreira, falo pelo menos desde a minha experiência, é que não há tempo de parar e olhar outra perspectiva. Agora que estou por fora e olhando para trás percebo que conta o afortunado que fui, mas durante o tempo que joguei era muito difícil perceber todas as coisas que haviam passado”.

River Plate, o que significa esse nome para você?

Juan Pablo Ángel: “Tudo, sempre digo que para mim o River foi a equipe que transformou minha carreira, a potenciou de uma forma que jamais imaginei, em seu momento foi uma posta muito grande, porque era bastante arriscada. Primeiro foi porque me deram a oportunidade e o mais importante foi que fui para cumprir um sonho de infância, de torcedor, porque sempre fui fanático pelo River e o fato de poder fazer parte da história dessa instituição sabia que seria importante e logo aconteceu o que aconteceu”.

O sacrifício que realizou Juan Pablo Ángel para triunfar na Argentina é conhecido por todos. Treinou em jornada dupla, teve personal trainer, decidiu potenciar suas virtudes com o exercício como método e a disciplina como constância e conseguiu estar entre os melhores do futebol argentino. Passou de suplente no River a titular da equipe do quarteto fantástico (Ángel, Saviola, Ortega e Aimar).

Aí o mundo conheceu Juan Pablo Ángel, que deu a volta no destino, que se profissionalizou, que cresceu, que se apoiou em seus valores e profissionalismo para triunfar…

Juan Pablo Ángel: “Sem lugar a dúvida teve um valor muito importante em minha carreira, amadureci, entendi a responsabilidade do jogo, a repercussão que tem o poder estar numa instituição tão importante como River Plate e, no meu caso particular, tive a fortuna de coincidir com uma geração exitosa, o que ajudou que a minha carreira se potencializasse melhor”.

Seu vilão favorito é o Aston Villa?

Juan Pablo Ángel: “(Risadas) Claro! Bem essa é outra etapa distinta; em seu momento quando tomei a decisão de ir a Inglaterra não era o destino preferido dos futebolistas sul-americanos. Porque geralmente víamos Espanha e Itália e fui eu um dos primeiros latinoamericanos em ir à Premier League que posteriormente se tornou, ao meu ver, a melhor liga do mundo; era a oportunidade de jogar na Europa e estar com os melhores jogadores, isso foi muito lindo”.

O que a Liga da Inglaterra deixou como experiência?

Juan Pablo Ángel: “Tem que estar nessa Liga para entender a beleza que tem e quando digo beleza não é o físico, é a organização, o respeito, o profissionalismo, a ordem, o apreço pelo esportista e pelo futebol e tive a oportunidade de ver uma mudança de geração importante que passou de uma antiga inglesa a toda a transformação do profissionalismo, a ciência dos centros de alto rendimento que hoje a tornaram na liga mais importante do mundo”.

Hoje, 20 anos depois, temos um homem que pensa diferente. Existe alguém que realmente tem coisas para contribuir ao futebol e não só no esportivo, mas no administrativo, desde o crescimento e aí é onde um entende que construiu um verdadeiro homem para o futebol…

Juan Pablo Ángel: “Primeiro creio que foi a exposição que tive nos distintos ambientes: liga argentina, liga inglesa, nos Estados Unidos e me adaptar a cada uma, saber reinventar-me e adaptar-me foi uma de minhas qualidades para poder sobressair. Sem dúvida isso me fez crescer pessoal e profissionalmente.  O outro é pela formação dos meus pais e pela educação que recebi”.

A MLS ajudou Juan Pablo ou Juan Pablo foi quem ajudou a MLS?

Juan Pablo Ángel: “Acho que foi um pouco dos dois. Primeiro, a liga estava num bom momento onde começou com um modelo de negócio novo que era trazer jogadores que não ocupavam parte do salário das equipes e vinham como embaixadores da liga, para tratar de reforçar não só no esportivo mas em todas as áreas em que pudéssemos contribuir e eu cheguei dentro dessa figura. E depois foi importante ver como a liga crescia através de um modelo econômico estável e com um projeto supramente sólido através do que eles mais sabem que é o entretenimento, como buscaram por meio do esporte poder consolidar toda sua plataforma de entretenimento e nesse momento que o futebol não era o esporte principal desse país, trabalhar para que pouco a pouco pudesse ir roubando o espaço de outros esportes”.

O passo por seleções desde aquele juvenil na Bolívia em 1995…

Juan Pablo Ángel: “Tremendo. As vezes a gente não dimensiona tudo o que acontece durante toda a carreira e agora é quando me detenho e vejo que fiz parte de todos os processos desde juvenis, representei a Colômbia várias vezes, fiquei com o trago amargo de não poder estar num Mundial, mas me vesti com a camiseta do país em várias oportunidades: na seleção anterior, com os Faustino, os Valderrama, no processo de 98 e depois fiz parte dessa geração que eu diria que é a junção destas duas, que afinal creio que foi necessário para  que todos estes entes reguladores do futebol entendessem o que se estava fazendo de mal e o que se fazia bem para que esta geração atual pudesse capitalizar tudo isso e pudesse brilhar como agora”.

É o momento que a Colômbia ganhe uma Copa América fora de sua terra?

Juan Pablo Ángel: “Eu creio que há um ótimo grupo, apesar de que há uns que já não serão parte do que aconteceu no Mundial, acho que há um grupo consolidado e creio que vai dar briga”.

O encerramento da carreira no Atlético Nacional foi algo mágico e sonhado com 4 títulos em dois anos, incluídas três ligas?

Juan Pablo Ángel: “Sim, nunca imaginei que fosse assim e não só pelos resultados, mas pelo afeto das pessoas, pelo reconhecimento e o melhor foi que desfrutei plenamente”.

Vem a partida homenagem, a partida com a  torcida, para desfrutar do último momento com Ángel?

Juan Pablo Ángel: “Espero que sim. Estamos com o sonho de poder realizar a partida homenagem; Nacional e a Organização me propuseram fazer uma homenagem e esperemos poder concretizar algo que seja viável principalmente do agrado das pessoas”.

Quando um homem do futebol acaba sua carreira e percebe que encerrou uma etapa, o que pensa? É difícil a mudança?

Juan Pablo Ángel: “Não é fácil, ainda mais porque estou em perfeitas condições: são, boa saúde e estado físico, mas estou em paz com a decisão que tomei e isso não quer dizer que senti saudades do dia a dia”.

A família…

Juan Pablo Ángel: “Agora estou curtindo o tempo, sempre expressei o agradecimento a minha esposa e meus filhos”.

Uma mensagem para todas as pessoas que  o seguiram e o admiram durante todo o seu processo.

Juan Pablo Ángel: “Para todos meu agradecimento e apreço eterno, pelo carinho em todos os lugares que estive”.

Um gol com cada uma das equipes que atuou…

Juan Pablo Ángel: “O gol que deu o campeonato ao Nacional, o gol do Boca no clássico de dois a zero, depois um gol contra o Chelsea numa semifinal, numa copa inglesa,  MLS, um gol contra Houston de tiro livre no minuto 94 para ganhar e passar para a final de Conferência, com a Seleção contra o Brasil e a Argentina”.

Um técnico…

Juan Pablo Ángel: “Juan Carlos Osorio e Ramón Díaz”.

Um companheiro…

Juan Pablo Ángel: “Henry”.

Prato favorito da comida inglesa…

Juan Pablo Ángel: “Difícil… o Apple Cambrel”.

E da Argentina…

Juan Pablo Ángel: “O churrasco”.

Deixou amigos por todos lados?

Juan Pablo Ángel: “Sim, poucos, mas para sempre e não necessariamente do futebol”.

 

 

Crédito: Ramón Fernando Pinilla Hurtado.

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