O presidente da CONMEBOL, Alejandro Domínguez, que se encontra em Bogotá para apresentar, na noite desta quinta-feira 28 de abril, o troféu especial que será entregue ao ganhador da Copa América Centenário Estados Unidos 2016, foi entrevistado pelo jornal colombiano El Tiempo. Confira aqui a transcrição da entrevista.
Um troféu único que não voltará a se repetir será apresentado nesta quinta-feira, às 7 na noite, em Bogotá e que receberá o campeão da Copa América Centenário, a ser realizado nos Estados Unidos de 3 a 26 de junho deste ano.
Para esse evento comparecerão todos os presidentes das 10 federações e o presidente da CONMEBOL, Alejandro Dominguez, que tomou posse em janeiro.
O dirigente falou, depois de sua chegada em Assunção, com o jornal colombiano El Tiempo sobre as várias mudanças que terão na entidade, várias destas para a Copa Libertadores.
Com o que a Conmebol se tem deparado?
Na América do Sul temos a sementeira com os melhores jogadores do mundo, e isso temos que acompanhar com a organização. A falta aqui é da organização e do manejo da dirigência, que é a que se deve reivindicar. Estamos iniciando uma mudança de estatutos que serão apresentados ao Comitê Executivo (desta quinta-feira) para garantir que a entidade possa continuar a evoluir e ser moderna.
Estas mudanças incluem a modificação de calendário? Já são várias copas Libertadores com uma programação muito atípica.
Há uma abordagem para que dure de um ano e será discutido. Não fomos nós como Conmebol os da ideia; isso é bom para ter a abertura, e me interessa essa opção. A Libertadores e a Sul-Americana devem ir para um laboratório profundo e considerar a possibilidade de parceria com a Concacaf, é um bom tempo para ver o que vem pela frente.
Qual sua opinião sobre o calendário desta Libertadores?
Nunca concordei com esse formato porque é cortado em um momento muito importante da competição e se prolonga muito. Além disso, há modificações nos jogadores de cada equipe. Por isso faz-se necessário redesenhar tudo e trabalhar em conjunto, não do ponto de vista da Conmebol e fechado, como era no passado, em que os clubes tiveram de se adaptar às regras e que não tinham escolhas; você tem que abrir a porta e sentar com os protagonistas e juntos pensar em tudo.
Será que a Conmebol irá apresentar uma nova ideia?
Gostaria que a possibilidade de, num curto espaço de tempo, ter uma só final e que se possa ir movendo dentro de 10 países. Teremos maneiras de substituir esse valor dos bilhetes das partidas de ida e volta, porque a ideia poderia ser trabalhar com licitação e que cada país projete uma cidade e se encarregue de trabalhar para que as equipes paguem esse valor. Ademais, os prêmios irão aumentar para os clubes.
Por que aumentarão?
Começamos a conversar com empresas que poderiam postular para as licitações dos nossos futuros patrocínios, e que seria muito importante porque pode significar rendas muito significativas com a ideia de que cheguem aos clubes e às associações.
Em que porcentagem os ingressos serão incrementados?
Contratamos uma empresa que nos tire os custos. A Conmebol é uma entidade que não sabe o valor dos produtos, então não se pode projetar os ingressos se não se sabe o que se tem, mas de igual maneira será substancialmente maior o ingresso, por isso vai ser uma luta aberta pelo patrocínio da Copa Libertadores.
Como serão os direitos de transmissão?
Nessa licitação entraría também a televisão. Seria a partir de 2018 pelo contrato atual. Estamos estudando o sistema Uefa para o que for Champions e Liga da Europa para fazer algo similar.
Não achou que, entrar na Conmebol depois de todos os problemas seria uma verdadeira bagunça para você?
Eu fiz um reflexão à inversa do que você me diz. Não é pelo fato da posição e do conforto que eu gostaria de passar por isso. Queria devolver ao futebol, pelo menos um pouco do que recebi. A coisa mais fácil teria sido para assumir a postura de não participar, mas é uma oportunidade que requer muita coragem por parte de qualquer um; não falo só de mim, mas de todo o Comitê Executivo, para reivindicar a história do futebol e colocar a Conmebol no contexto internacional com prestígio.
Como tomaram a iniciativa da criação de uma liga que alguns clubes proporam?
Nós nos regimos pela normativa FIFA; enquanto tudo for feito dentro das regras, estamos abertos.
Com as alterações propostas, acreditam que os clubes possam desistir dessa ideia …
Eu venho de um clube (foi presidente do Olímpia) e eu sei o que é gerenciar um clube; portanto, eu entendo a posição dos clubes. Devemos reconhecer que historicamente a CONMEBOL teve pouca aproximação e pouca abertura com os clubes, e estamos no momento de aproximar e engrandecer o futebol. Comigo, os clubes têm as portas abertas, são os verdadeiros protagonistas, junto com os jogadores.
O que fazer para evitar que a Conmebol tenha outro escândalo como aquele que chegou a fazer parte?
Estamos começando um corte do que foi o passado e começamos uma auditoria forense. Também começamos a contratação para cargos gerenciais com a ideia de profissionalizar a organização e que esteja à altura do século XXI, que seja uma organização moderna, que se enfoque e trabalhe para o futebol. A CONMEBOL tinha desviado sua atenção e não colocou seu foco no futebol, e quando falo de futebol não me refiro apenas ao tradicional, mas também em apostar no feminino, no futsal, no futebol de praia e fortalecer nossas copas tradicionais, e tratar de cortar lacunas com a UEFA.
Você está aqui por um evento da Copa América Centenário, mas não crê que está atravessada, considerando que levam-se dois anos consecutivos com torneios nesta época do ano …
Eu não quero criticar o passado, mas se pudesse fazer coincidir com a do ano passado; fazia-se uma só, mas na verdade é que tivemos uma bela Copa América no Chile e esta do Centenário também será inesquecível.
ANDREW PHILIP B. BERÇÁRIO
Redator do EL TIEMPO
@afviveros