Ação! Minuto 90 e 4-2 no placar. Pelé dribla dois defensores e anota o quinto levando o Brasil para a grande final contra a Suécia. A cena se repete uma e outra vez até ficar perfeita: é um dos muitos gols do “rei” gravado na memória do celuloide.
Ação! Minuto 90 e 4-2 no placar. Pelé dribla dois defensores e anota o quinto levando o Brasil para a grande final contra a Suécia. A cena se repete uma e outra vez até ficar perfeita: é um dos muitos gols do “rei” gravado na memória do celuloide.
Os primeiros anos da vida de Edson Arantes do Nascimento, nascido em uma família pobre, consagrado aos 17 anos como o astro Pelé, chegarão nos telões de Hollywood em um longa metragem filmado no Rio de Janeiro, a seis meses do início da Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
Não é 1958 e muito menos o Rasunda Stadium de Solna, em Estocolmo, mas a magia do cinema torna possível a viagem no tempo. Cartazes publicitarios em preto e branco são colocados ao redor do modesto campo do clube América carioca, os jogadores vestem os uniformes da época com chuteiras pretas e cordões brancos.
O enredo apresenta “muitos obstáculos, dores, desafios e erros deste jovem fazendo esta viagem”, que termina com a consagração de Pelé como estrela no mundial de 1958, quando marcou o gol decisivo contra a Suécia para ganhar o primeiro dos cinco títulos que o Brasil possui, explica à AFP o americano Michael Zimbalist, que escreveu e dirigiu o filme com seu irmão Jeff.
O filme ainda não tem data prevista para a estreia nos cinemas, e a produção não comenta sobre seu orçamento.
Em primeira pessoa
O “rei” Pelé, de 72 anos, considerado o melhor jogador de todos os tempos, é um dos produtores executivos do filme, com Paul Kemsley e Exclusive Media. Senia Pictures Sena e Imagine Entertainment são as casas de produção.
Os irmãos Zimbalist escreveram um roteiro minucioso baseado em histórias contadas pelo próprio Pelé, que permite dar um profundo sentimento de primeira pessoa à história.
“Pelé foi de enorme ajuda na concepção da história”, diz Michael, que garante que a estrela não interviu nem censurou qualquer parte do script.
“Em nenhum momento houve a intenção de fazer um filme leviano. Isso era claro desde o início. Não acho que Pelé esteja inibido na hora de falar sobre coisas negativas”, acrescentou.
Uma polêmica lei brasileira que proíbe a publicação de biografias não autorizada e defendida por várias celebridades, especialmente músicos, pode ser revisada nas próximas semanas no Congresso.
Depois de 1958, Pelé conquistou outras duas Copa do Mundo, em 1962, no Chile, e em 1970, no México, e marcou mais de 1.200 gols em sua carreira. Em 2000, a Fifa o consagrou como melhor jogador do século XX e um ano antes do Comitê Olímpico Internacional (COI) lhe deu o título de Atleta do Século.
Os 400 Pelés
No casting, nada menos de 400 jovens foram testados para o papel do Rei do futebol, e apenas dois foram selecionados. Leonardo Lima interpreta o ex-craque com dez anos de idade e Kevin de Paula dos 13 aos 17.
“Com, ambos, houve algo mágico. Eles se sentiram bem desde o primeiro dia e foram além das nossas expectativas”, conta Zimbalist.
Kevin de Paula não é ator de profissão, mas jogador de futebol. O jovem de 18 anos é volante do Tigres, da segunda divisão do Campeonato Carioca. Na frente da câmera, faz um, dois chapéus e anota com estilo: a coreografia sai facilmente, mesmo quando deve repeti-la várias vezes para obter todos os ângulos da câmera.
Uma pausa, é necessário retocar a maquiagem o e estilo afro de Pelé. Cuidam de detalhes como a forma como o craque amarrava os laços no tornozelo.
A produção não permite que os “Pelés” deem entrevistas.
O elenco tem nomes como o ator brasileiro Rodrigo Santoro, o mexicano Diego Boneta, o irlandês Colm Meaney e o americano Vincent D’ Onofrio. O cantor brasileira “Seu Jorge” (Jorge Mario da Silva) interpretará o pai de Pelé, Dondinho.
Muitos dos atores não sonham com uma carreira no cinema e sim no futebol, como Mailson Moura, que acredita que sua interpretação como o zagueiro Mauro Ramos pode dar um empurrão aos gramados de verdade.
“É muito difícil de imitar as pessoas que fazem mágica. Vi muitos vídeos, li livros. É difícil, mas se trata de fazer o possível”, diz Felipe Simas, que interpreta o falecido astro Mané Garrincha.
Falta acabar as cenas do jogo contra a França e há jogadores vestindo o uniforme sueco rondando o set. O dia promete ser longo.
Silêncio câmera rolando … Ação!
Por Javier Tovar / AFP
Edição: conmebol.com